Guerreiras em tempo integral
A mulher moderna continua às voltas com um velho fantasma: a dupla jornada de trabalho
Da redação em 26/12/2012
Não basta ralar no trabalho, as mulheres ainda são responsáveis por fazer a janta, cuidar dos filhos, colocar a roupa para lavar... A dupla jornada – ou tripla, ou quádrupla – já é nossa velha conhecida. Agora, uma pesquisa realizada pela empresa Data Popular em parceria com o SOS Corpo – Instituto Feminista pela Democracia, que ouviu 800 mulheres em nove capitais brasileiras, comprova a coisa em números. Segundo o levantamento, 91% das entrevistadas entende a importância do trabalho remunerado, claro, mas se queixa do tanto de tarefas e responsabilidades. Pior: essa rotina extenuante continua em casa. A pesquisa revelou que, apenas nos finais de semana, 73% das mulheres permanecem ocupadas, cuidando da casa. É um dos poucos momentos de descanso perdido.
Mas e os maridos? Bom, para a maioria, os maridos mais atrapalham que ajudam, diz a pesquisa. Principalmente para a classe C e D: 64% e 61%, respectivamente. “As alterações ocorridas no mundo do trabalho, como demonstra a pesquisa, não levaram a mudanças significativas na divisão sexual do trabalho. O que se observa é que essa divisão permanece, produzindo consequências que afetam diretamente as mulheres, que continuam como as principais responsáveis pelos afazeres domésticos e cuidados com os filhos. Falta de tempo e grande sobrecarga marcam seu cotidiano. Os homens e o Estado, segundo os resultados apresentados pela pesquisa, pouco contribuem para a mediação das jornadas”, avalia a pesquisadora Maria Betânia Ávila, do SOS Corpo.
Três, entre quatro entrevistadas, consideram sua rotina extremamente cansativa (a maioria das leitoras consegue entender isso muito bem...) e sete em cada dez avaliam que o trabalho do homem não é mais importante que o delas.
Mas o problema não é só o marido. A pesquisa também aponta que enfrentamos uma grande carência de políticas públicas. O maior problema apontado é encontrar uma creche. E nesse quesito ser classe A ou classe E não importa muito, a dificuldade é a mesma: classes A/B, 36%; classe C, 33%; e classes D/E, 34%.
Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br